Meu nome é Ezequiel, e sou conhecido como Alemão. Sou fotógrafo há cinco anos, sempre gostei de fotografia de aventura, de tudo que é ligado à emoção e adrenalina. Sempre sonhei em sair um pouco da rotina da região e fazer algo diferente, mas nunca imaginei que iria receber um convite tão rápido. Certo dia o amigo Fernando Nazário me ligou e convidou para uma expedição na Bolívia. No primeiro momento não acreditei muito. Nunca imaginei que isso viria tão rápido. Chegado o dia eu ainda não acreditava. Desde o momento que arrumei as malas até o embarque no aeroporto ainda não havia caído a ficha. Saímos de Guarulhos (SP) e chegamos à primeira cidade, Cochabamba, na Bolívia: tudo diferente, cultura e língua diferente. Ali, senti a primeira dificuldade: interpretar o que o povo daquele local dizia. Depois de uma hora saímos no próximo voo e chegamos a La Paz. Meu próximo desafio foi a altitude, dor de cabeça e enjoo. Fomos para o hotel, e na primeira noite tivemos muita dificuldade para dormir por causa da altitude.
Na madrugada vomitei muito, e a cabeça doía. Fizemos uma caminhada de 10 quilômetros pelo vale de Cañon de Palca. Começamos em 4.200m e terminamos em 3.600m. Trata-se de um local onde uma vez no ano passa o degelo das montanhas de neve. Voltamos para La Paz sentindo melhor que no dia anterior. No dia seguinte, partimos para Chacaltaya, onde chegamos de van a 5.000m e nos deslocamos para 5.450m. As subidas eram bastante inclinadas, em torno de 45o, eu sentia muita falta de ar e cansaço. Parei umas três vezes antes de chegarmos ao alto; lá, fizemos um passeio para climatizar. No dia seguinte fomos à região de Condoriri, chegamos a um abrigo e por ali almoçamos. Fomos caminhar por três horas em meio às montanhas, enfrentamos muita neve e frio, e chegamos à região onde iríamos ficar, armar acampamento. Mas nevava muito… O plano era acampar do outro lado da lagoa, mas o mal tempo nos obrigou a ficar no abrigo por três dias. Na noite que chegamos fomos recebidos com muita comida; essa é a preocupação deles: se estamos alimentando bem. As montanhas exigem muito, pois com tamanho frio não sentimos muito a queima de energia.
É uma subida muito lenta, paramos várias vezes. A sensação era de muito cansaço, o coração a mil. Gastamos 4 horas para chegar ao pico, muito frio, vento gelado e muita neve. Mas no fim compensou muito, a sensação de chegar ao pico de uma montanha é muito gratificante, nunca imaginava chegar ali. Mas chegou a hora de descermos, com muita dificuldade; gastamos muita energia na subida, e a descida ficou complicada. Segundos antes de sair para a segunda montanha, fiz um passeio e conheci as famosas lhamas, animais muito dóceis e ariscos. Logo em seguida fomos ao glaciar aprender a usar os grampones (botas com travas afiadas). Subimos e descemos o glaciar várias vezes, para ganhar confiança, porque um erro no gelo é fatal.
Exige muita atenção, onde pisamos e como trocamos as pernas. No dia seguinte iríamos sair às três da manhã para atacar o pico do Pequeno Alpamayo, mas uma tempestade de neve nos pegou de surpresa durante a madrugada e não fomos para a montanha. Decidimos voltar para La Paz no outro dia. Ficamos em La Paz por dois dias esperando chegar a sexta-feira. Fomos conhecer a capital da Bolívia e sua cultura. A culinária é praticamente igual, mas sem sal (risos). Sexta-feira era o dia da montanha mais aguardada. A Huayna Potosí com 6.088m. Tivemos um imprevisto: o mal tempo nos pegou de surpresa mais uma vez. Retornamos para La Paz no mesmo dia, chateados por não podermos completar a missão, mas conscientes de que a história não terminaria ali. Temos planos de subir a Huayna Potosí e acabar de escrever esta história, fincando nossa bandeira no se pico. Na primeira noite lá, tive muita dificuldade para dormir pelo frio e desconforto, mas no dia seguinte subimos o pico Austria, de 4.700m a 5.320m.
Agradeço imensamente a Deus por ter me dado força para vencer mais esse obstáculo, e a minha namorada, Carol, por sempre estar do meu lado e acreditar comigo.