Em uma dieta convencional, a ingestão de carboidratos deve ficar entre 45% e 55% do total de nutrientes ingeridos no dia. Já na dieta low carb a ingestão diária de carboidratos permanece abaixo de 20% a 30% do total de calorias ingeridas. Tudo deve ser analisado junto ao paciente, para que seja escolhida a melhor opção de acordo com seu estado nutricional e tipo de atividade física realizada.
O baixo consumo de carboidratos induz a uma diminuição na liberação de insulina, hormônio anabólico responsável por armazenar gordura. Com sua menor produção, ocorre uma maior mobilização dos estoques de gordura para serem utilizados como fonte de energia, podendo utilizar-se também das proteínas e corpos cetônicos para tal finalidade; e como consequência, ocorre a redução da massa gorda e aumento da massa magra, principalmente em indivíduos que praticam musculação.
Estudos demonstram que atividades de longa duração, como ciclismo e maratonas, podem ser realizadas sem nenhum carboidrato, desde que o atleta tenha sido submetido à cetoadaptação, ou seja, que ele esteja adaptado ao uso de gordura como combustível, e não tenha a insulina cronicamente elevada. Outro fato é que o glicogênio muscular nunca é completamente depletado pela dieta, pois o fígado armazena glicogênio, assim como os músculos.
Existe uma enzima necessária para que a glicose, após ser extraída do glicogênio, possa ser enviada novamente para a corrente sanguínea, a glicose-6-fosfatase. Esta enzima está presente no fígado e nos rins, mas não no músculo. Isto significa que o glicogênio do músculo é para uso exclusivo do músculo. Não importa o quão low carb a pessoa seja, o músculo sempre terá glicogênio disponível para suas necessidades de contração anaeróbica (a glicose produzida pelo fígado a partir de proteínas e gordura é armazenada nos músculos, mesmo em quem nunca come carboidratos).
De fato, as reservas de glicogênio dos músculos nunca ficam abaixo de 30% apenas com dieta; é necessário o exercício de longa duração para esvaziá-las. Pessoas normais (não atletas) não esgotam este glicogênio muscular com o exercício. Atletas praticantes de modalidades especialmente demandantes (triathlon, ironman, ciclismo de competição) podem esgotar completamente os estoques de glicogênio. Isto normalmente não leva à hipoglicemia, e sim a um fenômeno chamado de “bonking”, palavra em inglês sem tradução direta, mas que significa a impossibilidade física de continuar. Em outras palavras, os carboidratos não são necessários para os exercícios físicos indicados para a promoção da saúde de pessoas normais, mas sua falta pode prejudicar a performance de praticantes de esportes radicais, atletas de ponta e de provas de “endurance”.