Eu, como toda boa fisioterapeuta, vou te passar um exercício e, contrariando as expectativas, não será um exercício físico, mas vai te ajudar de forma geral.
O exercício que estou falando é o da ponderação. Parar um segundo antes de tragar qualquer informação e tentar entender a que contexto ela pertence e se isso pode ser aplicado a você.
A verdade é que essa era em que estamos mergulhados, a era da informação, que parecia ser a resposta de todas as nossas perguntas, acabou mostrando suas garras através da desinformação.
Nesses últimos anos recebemos mais conteúdo que a maioria dos nossos antepassados recebeu ao longo de toda uma vida, e ainda assim, nunca estivemos tão mal informados. Como pode isso?
Quando a internet apareceu (sim, eu me lembro), acreditávamos que havíamos encontrado a resposta para as grandes diferenças educacionais. Conseguindo chegar a todos os lugares nossos problemas estariam resolvidos. Só que a chegada dessa enxurrada de informação nos mostrou que a educação é muito mais que receber conteúdo. Para educar a gente precisa levar o conteúdo mas também a clareza. Precisamos sempre contextualizar, precisamos ponderar. Algo que o mundo digital raramente faz e, em saúde, essa falta de contexto é um risco alto.
Sim, é maravilhoso que as pessoas consumam conteúdo e entendam cada vez mais sobre suas dores e possam, a partir dessa consciência, tomar as melhores decisões quanto à sua recuperação, afinal, esse é o fim da educação em saúde – que a gente consiga tomar melhores decisões. Mas o risco é alto quando, por causa desse consumo, as pessoas deixem de se movimentar acreditando que qualquer dor na coluna represente a fragilidade típica de uma fratura grave, quando na verdade a maior parte dos casos de dor na coluna não acontecem devido à fratura. Percebem o risco? Me explico: a falta de movimento na maior parte dos casos é o verdadeiro problema!
O fato é que precisamos da informação, do conteúdo, mas também precisamos do contexto, da ponderação. Da mesma forma que os profissionais devem ter o cuidado com as palavras ditas para não gerar esse tipo de interpretação (Nocebo), os consumidores de conteúdo devem contextualizar as palavras lidas.
Como já estamos nos acostumando com essa avalanche de informação, típica da nossa era, temos agora que promover o exercício de organizar as ideias. A educação em saúde é também um processo horizontal, ou seja, organizar o que já está dentro da cabeça. Como produtora de conteúdo eu tento sempre me lembrar disso, e como consumidora também.
Prática: Quando aparecer aquela notícia tentadora na sua Timeline lembre-se de filtrar a informação e contextualizar. Será que o que você está lendo representa completamente o seu caso? Não tem nada dentro da sua individualidade que se difere da notícia em questão?
Acredito que esse será o melhor exercício dos nossos tempos. PS: Movimente-se sempre.