O verão teve início nesta sexta-feira (22) e as projeções apontam para a possibilidade de ser o mais quente já registrado na história do Sudeste, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mesmo se não atingir esse recorde, a estação deve se posicionar entre as três mais escaldantes já registradas.
A previsão segue a tendência global de aquecimento, indicando que 2024 superará 2023 como o ano mais quente na Terra. Este período se encaminha para ser tão desafiador quanto os verões de 1997-1998, 2013-2014 e 2015-2016, que foram os mais quentes já registrados, todos marcados por intensos fenômenos El Niño (aquecimento das águas do Pacífico). Em 2015, o Rio passou por um período de 35 dias consecutivos sem chuva entre janeiro e fevereiro.
O Inpe, em conjunto com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apresentará as previsões para o período de dezembro a março de 2024. Com o El Niño em nível forte e o Atlântico Norte mantendo-se aquecido, as condições para o Brasil não devem se alterar significativamente em relação à primavera, que foi marcada por ondas de calor. Contudo, é esperado um aumento nas temperaturas em algumas regiões, especialmente no Sudeste, com o risco de grandes temporais.
Apesar de a estação poder registrar um volume total de chuva menor, as precipitações, quando ocorrerem, podem ser intensas. Isso se deve ao fato de as altas temperaturas propiciarem a evaporação do ar quente, formando nuvens mais volumosas. O cenário é marcado pela incerteza em relação às chuvas, pois o El Niño deste ano está associado às mudanças climáticas e à elevação da temperatura do Atlântico.
Verão 2024 será marcado por seca na Amazônia
As projeções indicam que as chuvas persistirão no Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A seca é esperada tanto no Semiárido do Nordeste quanto na Amazônia, mas na região amazônica, a aridez se concentrará no Norte e no Leste. O Amazonas, que testemunhou alguns dos maiores rios do mundo se tornarem filetes de água, está iniciando sua recuperação com o aumento das chuvas.
Após enfrentar a maior seca da história, o Rio Negro mostra sinais de melhora. Também estão em situação menos crítica o Amazonas, o Solimões, o Madeira e o Purus.
No entanto, a seca no Amazonas, que na primavera estava associada à elevação da temperatura do Atlântico Norte, agora será influenciada pelo El Niño, afetando principalmente o Pará e Roraima. Amapá e o Leste do Amazonas também podem enfrentar impactos.
Enquanto isso, o Nordeste enfrentará condições climáticas distintas, sendo a única região do Brasil com três regimes climáticos. São esperadas chuvas intensas no Sul da Bahia, algumas precipitações no litoral e seca no Semiárido.