Enfeitadas por lenços, batons e muita coragem, elas são a imagem real da doença que faz 50 mil vítimas por ano no Brasil. Enfrentam uma luta diária para não serem resumidas a um tumor que tiveram ou que ainda carregam em seu corpo. Mas elas são guerreiras, mulheres fortes e com força de vontade de vencer esse desafio, como Maria Aparecida de Melo, de 62 anos, que venceu o câncer de mama e encontrou na prática de exercícios físicos uma maneira de alegrar a vida. “Eu só tenho que agradecer a Deus, porque algum tempo atrás eu achava que não iria sobreviver, pois minha irmã mais nova não conseguiu, ela morreu. Mas Deus me deu essa oportunidade de viver mais”, relata Aparecida.
Há 13 anos Maria Aparecida, mais conhecida como Cida, foi diagnosticada com câncer de mama no seio direito. Sua irmã mais nova morreu lutando contra essa mesma doença. Por esse motivo a médica que cuidava de sua irmã pediu que todos os membros da família fizessem um ultrassom e uma mamografia. Foi assim que Cida descobriu a doença. Era um dia comum da semana quando Cida compareceu ao hospital para buscar o resultado dos exames. Ela entrou, sentou e aguardou sua vez de ser chamada.
O médico que estava de plantão havia chegado da cidade de Barretos (SP) para realizar algumas consultas oncológicas. Com o passar do tempo, o médico começou a atender primeiro todas as outras pessoas que aguardavam a consulta, Cida foi ficando por último, e para ela aquilo não era um bom sinal. “Eu me questionava o porquê daquilo, sendo que eu havia chegado primeiro. Eu estava sozinha, e isso também influenciou no meu nervosismo”, conta Cida. Ao entrar no consultório, o médico já foi logo avisando que se tratava de um assunto sério, pediu que ela se sentasse e se acalmasse, pois havia encontrado um problema em seu exame, um câncer na mama.
Cida começou a chorar, pois no exato momento lembrou-se da irmã, e não acreditava que aquilo estava acontecendo com ela. O médico explicou tudo sobre o tratamento e disse que ela teria grandes chances de se curar. No primeiro instante ela recusou qualquer tipo de tratamento. “Eu não quero me tratar, vi minha irmã sofrer todos os dias, sentir muitas dores e o tratamento não resolve muita coisa, só causa dor e sofrimento”, disse Cida.
Mesmo assim o médico a convenceu de que o tratamento era a melhor opção. Foram três anos de tratamento intensivo no Hospital do Câncer em Barretos. Seu filho João Paulo e toda a sua família sempre estiveram ao seu lado. Cida passou pela radioterapia, quimioterapia e outros procedimentos. Perdeu o cabelo e passou por uma cirurgia para retirada do seio direito. Mesmo passando por tudo isso, a alegria e a fé nunca deixaram de existir em sua vida. “Eu precisava lutar e lutei com muita força; minha família me deu total apoio e isso foi essencial”, conta Cida.
Após o período de tratamento intensivo, Cida iniciou a fase de acompanhamento médico. Várias consultas passaram a ser realizadas durante o ano, e em uma dessas consultas o médico encontrou pequenos nódulos em seu antebraço esquerdo. Após exames foi identificado que os nódulos eram benignos, mas se não fossem cuidados poderiam futuramente se tornar um câncer. Para esse tratamento, o médico indicou atividades físicas para que fortalecessem a musculatura e o condicionamento físico de Cida.
Sem pensar muito, ela resolveu procurar uma academia. Iniciou suas aulas no Grupo Cornelius, e com o passar do tempo transferiu seus treinos para a Cornelius Atlética, localizada no Clube Araxá. O começo foi um pouco difícil, mas rapidamente ela percebeu como era importante realizar tudo aquilo. “Eu penso que demorei muito a começar a me exercitar, se eu fizesse isso desde novinha estaria hoje muito mais resistente”, conta Cida. Tudo mudou no momento em que Cida entrou na Cornelius. Sua vida virou outra, sua disposição aumentou completamente e a força de vontade cresceu cada vez mais.
Há cinco anos ela está na academia, desde que nasceu a Atlética. Cida tem seus instrutores como uma família: “Todo mundo aqui gosta muito de mim e eu adoro eles, somos uma verdadeira família. Me dão total apoio, montam meus treinos de acordo com minhas capacidades”, diz Cida. Hoje, seus treinos são divididos entre aeróbica, funcional e musculação. Além de tudo isso, Cida ainda pratica hidroginástica três vezes por semana em uma instituição escolar de Araxá. Tudo isso alinhado com os treinos da academia e uma boa alimentação. “No início de 2017, eu ganhei alta do meu acompanhamento médico, estou totalmente curada. Foram 13 anos lutando, e muito disso eu dedico às atividades que realizo na academia, elas me deram força e levantaram minha autoestima completamente”, relata Cida.
Durante toda a semana Cida realiza uma atividade física, ela não gosta de ficar parada. A academia se tornou algo indispensável em sua vida. Hoje, está feliz e determinada e diz que a vida deve ser vivida com bastante alegria. “Não podemos marcar dia para morrer, temos que pensar que vamos longe e aproveitar cada segundo que temos aqui. Sou mulher, sou forte e vou sempre viver com muita alegria”, diz Cida.