Descobri vivendo na pele que quando se perde, também se ganha. E, por mais que pareça controverso, é mais real do que se imagina.
No luto há muito o que chorar, mas observe que há também muito o que aprender. A dor ensina, meus caros. Ah, e como ensina!
Aprende-se que o coração que se quebra em mil pedaços é capaz de não perder o seu ritmo nem por um minuto. Ele sabe que o corpo precisa se manter de pé. É uma grande responsabilidade.
Aprende-se que ninguém conhece a força que realmente tem. Somos muito mais fortes do que pensamos. Eu diria que somos capazes de carregar um mundo nas costas.
Aprende-se que gratidão é coisa de poucos, afinal, a maioria vive na dor daquilo que poderia ter feito e nada fez. A vida cobra de um jeito estranho.
Aprende-se que a ferida que se abre ali, embora pare de doer um dia, não se fecha nunca. Hora ou outra uma lembrança cutuca até sangrar, e acredite, vai doer.
Aprende-se que é preciso dar lugar ao riso sem culpa, mesmo quando o outro te julga e tenta diminuir a sua dor por isso. Desista deles, curta o seu momento, talvez raro momento.
Aprende-se que coragem e medo andam juntos. Coragem que enfrenta a dor e o medo de não ser corajoso o suficiente para enfrentar o minuto seguinte. Confuso, né?! E quem disse que seria claro.
O luto não tem nada de clareza, é totalmente escuro. Não tem luz no fim do túnel. Não tão rápido. E até lá a gente tem muita estranheza no caminho pra encarar. Muitos sentimentos que o coração só conhece por ouvir falar. É tudo novo demais para aprender rapidamente. A gente tem que adentrar com calma.
Mas quando alguém se vai, alguém também chega, não tem como escapar. Uma cortina cai dos olhos e, então, um novo mundo lhe é apresentado onde se aprende a valorizar o que realmente importa, a vida, que inclusive agora você sabe, se esvai tão rapidamente.
E o que se entende com tudo isso é que somos frágeis e vulneráveis quando pronunciamos a morte. E, quando ela rouba algo de nós, tememos o riso com medo de apagar o que é inapagável, tememos o próximo passo preocupados com o abandono e vivemos sempre reféns do julgamento do outro. Mas no final de tudo cada um conhece a sua própria dor.
Dedicado aos grandes amores da minha vida que já se foram, mas ainda vivem em mim:
Meu pai (Neves), meu filho (tenho certeza que seria Mateus) e minha avó (Maria Názia).