O presidente argentino, Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira (20), um conjunto de 30 reformas, abrangendo áreas como as trabalhistas, de aluguéis e de abastecimento, como parte de seu “Decreto de Necessidade e Urgência” (DNU), integrando seu programa de desregulamentação estatal. Ele também cortou subsídios para TV’s.
Ao aparecer na tela em seu primeiro pronunciamento em cadeia de rádio e TV, Milei afirmou: “Hoje iniciamos formalmente o caminho da reconstrução”. Ele destacou que a doutrina associada à esquerda, coletivismo e comunismo, é um fracasso que está sendo afastado da Argentina.
Milei revelou que sua equipe está elaborando o projeto das reformas para enviar ao Congresso. No entanto, fontes da Casa Rosada indicam que a maioria dos anúncios, por se tratarem de decretos, passa a vigorar imediatamente.
Fontes do partido La Libertad Avanza (LLA), de Milei, informaram que o presidente optou por anunciar essas medidas mais rigorosas antes que o período de “lua de mel” entre seu governo e os cidadãos se esgote, evitando um aumento da resistência.
As medidas incluem a privatização de empresas como as Aerolíneas Argentinas e praticamente todas as estatais, com algumas empresas públicas sendo reorganizadas antecipadamente.
No entanto, Milei enfrenta não apenas resistência política, mas também da população. Enquanto anunciava as medidas em rede nacional, várias regiões de Buenos Aires foram palco de “panelaços”, manifestações populares, incluindo em bairros nobres como Recoleta e Belgrano.
As manifestações se prolongaram por mais de 30 minutos após o pronunciamento, que teve duração de 15 minutos. Motoristas também utilizaram buzinas como forma de protesto.
O novo presidente desagradou aos argentinos ao adotar medidas para proibir manifestações públicas contra suas políticas, conhecidas como piquetes. O governo emitiu a ordem de que manifestantes que bloquearem ruas e avenidas sejam detidos.
Cortes de verbas para TV
A decisão de Javier Milei de suspender qualquer propaganda oficial por um período de um ano é vista por fontes próximas ao presidente da Argentina como uma combinação de medidas de redução de despesas e cumprimento de uma promessa de campanha.
A principal razão por trás dessa medida, anunciada pelo porta-voz da Presidência nesta manhã, é a completa escassez de recursos. Durante a campanha, Milei repetiu várias vezes a frase “No hay plata”. O país se prepara para enfrentar um rigoroso ajuste fiscal.
A segunda motivação está ligada a uma promessa de campanha que se alinha com princípios liberais e com as bandeiras da direita, incluindo a crítica à imprensa, compartilhada por líderes como Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Fundamentalmente, Milei sustenta a visão de que as empresas de comunicação devem ser capazes de subsistir sem o apoio do Estado, a fim de evitar pressões editoriais indevidas.