Em uma nova guinada que pode minguar as negociações de paz na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira (29) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a posição da Rússia sobre o fim da guerra mudará após um suposto ataque com drones feito pela Ucrânia à residência de Putin.
Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que a Ucrânia tentou atacar a casa do presidência russo com 91 drones de longo alcance. O governo ucraniano negou.
O aviso de Putin ocorreu durante uma conversa telefônica que ele manteve com Trump nesta tarde, inicialmente para tratar dos pontos ainda em desacordo para o fim da guerra. A Casa Branca disse que a ligação foi “positiva”, mas não deu detalhes da conversa, que ocorre um dia depois de Trump se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Já o Kremlin também confirmou a ligação e disse que Trump ficou “chocado” com o relato do suposto ataque com drones. A Casa Branca não se manifestou sobre a afirmação do governo russo.
Nesta manhã, o porta-voz do Kremlin afirmou concordar com uma declaração de Trump feita no domingo afirmando achar que o fim da guerra da Ucrânia, que já dura mais de três anos e meio, está “mais próximo do que nunca”.
Suposto ataque
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira (29) que a Ucrânia tentou atacar a casa do presidente Vladimir Putin na região de Novgorod, 500 km ao norte de Moscou.
Zelensky negou a acusação e acusou Lavrov de mentir. O presidente ucraniano disse que a Rússia busca uma “justificativa falsa” para atrapalhar os avanços nas negociações de paz e para novos ataques à Ucrânia, especialmente a prédios públicos.
“Esse tipo de ação irresponsável não ficará sem resposta”, disse Lavrov, que também indiciou uma possível mudança de posição de Moscou nas negociações de paz.
Garantias de segurança
Também nesta segunda, Zelensky deu detalhes da reunião que teve com Donald Trump no domingo (28) e disse que Trump ofereceu garantias de segurança à Ucrânia por um período de 15 anos.
Zelensky disse, no entanto, que pediu um prazo mais longo, de até 50 anos, ao presidente norte-americano.
👉 A garantia de segurança significa, na prática, que a Ucrânia ficaria protegida de novos ataques nos mesmos moldes dos integrantes da Otan — ou seja, no caso de uma nova invasão, EUA e Europa enviariam tropas para defender o território ucraniano.
A proposta de garantir a segurança da Ucrânia por 15 anos foi feita durante a reunião que Trump e Zelensky fizeram no domingo (28) na Flórida, nos EUA, ainda de acordo com o presidente ucraniano.
Nesta segunda, Zelensky deu detalhes do que os EUA ofereceram a seu governo — a gestão de Donald Trump vem intermediando uma tentativa de acordo para o fim da guerra e elaborou uma proposta, ainda não oficialmente apresentada a ambos os lados.
Kremlin diz concordar que fim da guerra está próximo
Também nesta segunda-feira, o governo da Rússia disse concordar com a afirmação feita por Trump no domingo de que o fim da guerra na Ucrânia “está mais próximo do que nunca”.
No entanto, Peskov afirmou que o governo de Vladimir Putin exige a retirada de tropas da Ucrânia do Donbass, a região leste da Ucrânia atualmente controlada em maior parte pelo Exército russo. O porta-voz disse que Kiev deveria deixar as partes do Donbass que ainda controla.
O governo ucraniano ainda não havia se posicionado sobre a afirmação do Kremlin até a última atualização desta reportagem. No entanto, o plano de paz proposto pelos Estados Unidos previa uma zona desmilitarizada na região.
Na semana passada, Zelensky afirmou que aceitaria retirar suas tropas do Donbass caso a Rússia concordasse em criar uma zona desmilitarizada na região.
Encontro entre Trump e Zelensky
Na reunião que travou com Zelensky na Flórida no domingo, Donald Trump afirmou estar muito perto de fechar um plano de paz para a Ucrânia, mas admitiu que ainda há “questões espinhosas” a serem resolvidas.
Segundo ele, o principal impasse envolve a região de Donbass, onde as áreas controladas por tropas de Moscou, seriam “reconhecidas de fato como russas, inclusive pelos Estados Unidos”, segundo a proposta dos EUA, que ainda será oficialmente apresentada ao governo ucraniano;
A mesma categoria seria aplicada à Crimeia, a península ucraniana ilegalmente anexada pela Rússia em 2014.
Trump disse que não trabalha com um prazo fechado para encerrar as negociações, mas afirmou que um acordo pode ser concluído nas próximas semanas. Ele reconheceu que as conversas podem fracassar, mas disse acreditar em um desfecho positivo.
O presidente americano disse ainda que a Rússia quer que a Ucrânia “seja bem-sucedida” e que ajudará na reconstrução do país após o fim do conflito. A afirmação gerou risos por parte do líder ucraniano (veja no vídeo acima).
Antes do início da reunião, Trump disse acreditar que os dois lados querem a paz e que a Europa também tem trabalhado para viabilizar um acordo de cessar-fogo. O presidente americano afirmou ainda que as negociações são difíceis, mas estão avançando.
Já Zelensky agradeceu a Trump pela mediação e disse que 90% do plano de paz está fechado. Por outro lado, diante de jornalistas, o presidente ucraniano evitou responder a uma pergunta sobre a possibilidade de concessões territoriais à Rússia.
Foto: Getty imagens
Fonte: Redação g1 – https://g1.globo.com




