No período gestacional a mulher passa por inúmeras alterações físicas e também psíquicas. Para se ter uma noção, há um aumento em até 1.000 vezes no volume e em até 100 vezes no peso do útero. Essas alterações físicas acarretam sobrecarga na coluna e tensionamento da musculatura, desencadeando dores nessa região.
Durante a gravidez é liberada uma cascata de hormônios como estrogênio, progesterona, relaxina, entre outros. Estes hormônios ocasionam aumento da mama, discreta diminuição do tônus muscular, edema, náusea etc. Em especial, a relaxina aumenta a flexibilidade e extensibilidade dos ligamentos do corpo, o que aumenta o risco de entorses e lesões. É preciso estar atento também à intolerância ao calor, que é muito perigosa, porque a temperatura elevada da mãe pode levar a efeitos indesejados como crescimento uterino reduzido ou má formação fetal, por isso é importante o acompanhamento de um profissional. Diante de tantas alterações físicas é fácil concluir que a atividade física durante a gestação não só é muito benéfica como imprescindível para a saúde da gestante. As atividades físicas de baixo impacto, como o pilates, caminhadas e hidroginástica melhoram a circulação sanguínea, aumentando a oxigenação e melhora o condicionamento cardiovascular e muscular e também facilitam a adaptação para dissipar o calor da gestante.
Mulheres que praticam atividades físicas na gestação apresentam menores desconfortos ligados a esse período, como dificuldades na respiração, cansaço noturno, dificuldade para dormir e ter um sono restaurador, edema (inchaço), bem como menores riscos de apresentar diabetes gestacional e elevação da pressão arterial. Além disso, traz benefícios não só para a mamãe, mas também para o bebê; isto porque os exercícios físicos melhoram a circulação sanguínea, o que, por consequência, favorece o transporte de nutrientes e de oxigênio, que vão até ele por meio da placenta e do cordão umbilical.
Quanto ao momento de iniciar as atividades, as gestantes que já praticavam exercícios físicos antes de engravidar poderão continuar realizando após descobrirem que estão grávidas. Por outro lado, para as mães que não praticavam exercícios habitualmente, a maioria dos profissionais liberam a atividade física após completar as 12 primeiras semanas de gestação, pois é o período de maior incidência de aborto. Vale ressaltar que os exercícios recomendados para as gestantes são os de baixo impacto e sem risco de queda e/ou colisões. A gestante poderá se beneficiar ainda mais da atividade física se esta for direcionada levando-se em consideração as características e limitações de seu corpo, bem como as necessidades de cada trimestre. Por exemplo, o crescimento do feto e o aumento do aporte sanguíneo geram um aumento de volume e peso que será todo sustentado pelos músculos do assoalho pélvico. Assim, se você realizar uma atividade que gera muita pressão no assoalho pélvico, estará na realidade prejudicando sua saúde, podendo, inclusive, aumentar o risco de incontinência urinária.
Por outro lado, exercícios de pilates solo, direcionados especificamente para gestantes, vão fortalecer o assoalho pélvico, para suportar todo o peso extra, evitando a temida incontinência urinária e “bexiga caída”. É importante frisar que o fortalecimento do períneo é importante não só para aquelas mulheres que desejam o parto normal, mas para todas as gestantes, independentemente da via de parto escolhida. É um mito atribuir esses efeitos indesejados (incontinência urinária e “bexiga caída”) ao parto normal. Qualquer gestante, mesmo a que optar pela cesárea, poderá sofrer com uma dessas enfermidades se não tiver o assoalho pélvico fortalecido. Não bastasse isso, os exercícios de pilates específicos para gestantes, quando bem indicados e executados, melhoram a circulação sanguínea na região pélvica e proporcionam à mulher uma consciência corporal que permite a ela ter o controle de contração e relaxamento do períneo, de fundamental importância para o parto normal. Os benefícios então, não se restringem à gravidez, mas se estendem ao momento do parto e no pós-parto. Aquelas que escolhem o parto normal, realizando exercícios específicos durante a gestação, estarão condicionadas fisicamente, podendo suportar longas horas de trabalho de parto. Irá facilitar ainda, a adoção de posturas verticais, as quais facilitam o parto.
Se a opção for pela realização da cesárea, a preparação do corpo por meio de atividades físicas irá facilitar a cicatrização e melhor recuperação do corpo após a cirurgia. No pós-parto, para aquelas mulheres que praticaram atividade física durante toda a gravidez há também benefícios, como perda mais rápida do peso adquirido durante a gestação, melhor recuperação do corpo e do tônus muscular. Convém ressaltar que também há exercícios direcionados especificamente para o pós-parto, para a recuperação do períneo, fortalecimento dos membros superiores e também técnica de ginástica hipopressiva para combater a diástase e reposicionar os órgãos, diminuindo a circunferência abdominal. Por isso, criamos um grupo específico para gestantes, no qual são ministradas aulas de pilates solo totalmente voltadas para as necessidades desse período. Realizamos acompanhamento da pressão arterial, batimentos cardíacos e saturação de oxigênio, sempre visando à segurança da mãe e do bebê. Assim, os exercícios são direcionados individualmente para cada gestante de acordo com as necessidades e alterações de cada trimestre gestacional. Ao respeitar a individualidade, podemos gerar melhores resultados. Igualmente, ao realizar o pilates em grupos de gestantes, além dos benefícios já citados, há uma troca de experiências e vivências que acrescentam e enriquecem, promovendo a integração, conhecimento e confiança nas gestantes.
Mas lembre-se: é importante que consulte seu médico antes de iniciar, certificando-se de que tanto você quanto o seu bebê estão saudáveis.