Sou Rodrigo Rosa Silva, conhecido como “Gabira”, tenho três filhos: Luan (13 anos), Rodrigo Jr. (5) e Pedro Lucas (1). Casado com Kelly Aparecida, tenho quatro irmãs das quais sou gêmeo de uma. Minha luta vem desde cedo: nasci prematuro, fiquei quarenta dias em uma incubadora, para ganhar peso, saí por duas vezes mas tive que voltar, pois me encontrava muito fraco. Tive uma infância muito boa. Gostava de jogar bola, soltar pipa, brincar de pique e esconde-esconde. Era uma criança superativa, não era o melhor das peladas, mas nunca ficava de fora. Minha adolescência foi uma fase difícil. Conheci a bebida muito cedo, aos quinze anos, e logo após o cigarro. Bebia todos os fins de semana, minha diversão era beber até “cair”… Isso me afastou dos esportes, da minha família, da escola e até de vários empregos. Fui pai muito cedo, aos vinte anos, mas não tinha maturidade. Foi nessa época que conheci as drogas e me apaixonei por elas, usei maconha e crack, mas amava a cocaína. Minha família descobriu e ficou aos pedaços, mas minha mãe não “desistiu de mim”, procurou ajuda: psicólogos, médicos e centros de recuperação. Me internei, tomei remédios tarja preta e me “recuperei”.
Saí de lá e toquei minha vida pra frente, me casei e achei que as coisas iriam melhorar. Na verdade só pioraram. Fui morar em uma das piores periferias de Uberlândia, no Bairro Esperança, onde o que mais tem são drogas lícitas e ilícitas. Lá, me envolvia muito com drogas e bebedeiras, e foi assim por muito tempo. Com isso meu casamento foi acabando, então nasceu meu segundo filho, o primeiro com minha esposa, e as coisas continuavam do mesmo jeito. Quanto meu filho fez três anos e começou a me entender, as coisas começaram a ficar mais difíceis de disfarçar. Engordei uns 25 quilos, fumava um maço de cigarros por dia e usava cocaína todos os fins de semana. Num certo dia pesei 110 quilos, e aquilo foi um baque para mim. Ali foi a gota d’água, naquele momento resolvi mudar minha vida. Para isso larguei o que eu mais “amava”: a bebida, as drogas e o cigarro. Eu sabia que a luta não ia ser fácil, mas eu não estava sozinho, eu tinha minha família para me ajudar.
Então comecei a caminhar para perder peso e me desintoxicar; e para perder peso, coloquei um tênis velho e fui. Essa foi a melhor escolha que fiz em minha vida. E dia após dia eu ia correr, fizesse sol ou chuva. E no primeiro mês sem bebidas e drogas consegui perder 8 quilos. Fiquei muito feliz com a minha vida mudado para melhor. E como minha autoestima estava alta, minha fé havia se fortalecido. Me tornei outra pessoa, bem melhor do que era antes. Certo dia, pelo Facebook, fiquei sabendo de uma corrida, e chamei minhas irmãs e meu cunhado para ir. Nunca tinha ido em nenhuma, era uma corrida de 5 km no famoso Parque do Sabiá. Na largada estava um pouco nervoso, mas muito contente por estar ali, ainda mais com a minha família. Consegui correr bem.
Na chegada, de surpresa estavam meu pai e minha mãe torcendo para mim, foi emocionante ver a alegria nos olhos deles, como eu chorei! Aquela prova foi como um pedido de desculpas a eles, e tudo o que eu havia feito de errado foi esquecido. Ganhei minha primeira medalha. Já fiz provas maiores, fiz uma maratona, mas nada se compara àquela primeira prova, tive orgulho de mim. Por que eu corro? Porque me faz feliz, faz minha família sorrir, e minha mãe sempre me diz: “meu filho, você venceu o mundo, você pode fazer qualquer coisa!”. Ela me diz: “eu sempre estarei na linha de chegada te esperando!”. Só tenho a agradecer de forma muito especial a toda a minha família, minha esposa, meus filhos, meus cunhados, minhas irmãs, toda a galera do Clube Caça e Pesca, em especial meu amigo Chicão, minha amiga Nad Borges. Tenho planos especiais para o futuro: “Não parar jamais…”.