A China deu um passo decisivo na corrida pela internet do futuro ao lançar, oficialmente, a primeira rede comercial de banda larga 10G do mundo. Desenvolvida em parceria entre a operadora estatal China Unicom e a empresa Huawei, a infraestrutura é baseada na avançada tecnologia 50G-PON (Rede Óptica Passiva), e foi implantada na cidade de Xiong’an, na província de Hebei, próxima a Pequim.
Os testes iniciais da nova rede registraram velocidades impressionantes: até 9.834 megabits por segundo (Mbps) para downloads, 1.008 Mbps de upload e latência inferior a 3 milissegundos. A novidade representa um salto tecnológico em relação às redes convencionais de fibra óptica, cuja capacidade gira em torno de 1 Gbps.
Para exemplificar a intensidade dessa nova velocidade de rede, um filme em 4K de 20 GB, que levaria de 7 a 10 minutos para ser baixado em uma conexão padrão de 1 Gbps, agora pode ser transferido em menos de 20 segundos.
Além do ganho de velocidade, a baixa latência e a alta estabilidade tornam a nova rede ideal para aplicações de ponta, como Realidade Virtual e Aumentada, veículos autônomos, telemedicina, agricultura de precisão, educação remota e operações industriais automatizadas. A iniciativa reflete a ambição chinesa de posicionar Xiong’an como um laboratório urbano de conectividade e inovação tecnológica.
Xiong’an
O distrito de Xiong’an foi projetada para ser uma metrópole altamente tecnológica. Nascida da visão do líder chinês Xi Jiping, o objetivo é transforar a área em um centro de tecnologia ecológico, com um novo modelo de planejamento urbano.
No entanto, a cidade modelo está sendo construída sobre uma área pantanosa e suscetível a alagamentos, o que gerou questionamentos em relação à eficácia do projeto. Segundo informações do portal Bloomberg, o Partido Comunista Chines gastou cerca de US$ 85 bilhões na cidade. No entanto, Xiong’an não conta com residentes, apesar de estações de trem, universidades, hospitais e demais serviços terem aberto na cidade. A preocupação dos cidadãos estaria ligada, principalmente, às ofertas concentradas na capital do país, onde há mais abundância.
Corrida pela internet 10G
A implantação da banda larga 10G em Xiong’an faz parte de um plano mais amplo do governo chinês de modernização da infraestrutura digital do país. Em janeiro de 2025, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) anunciou uma série de projetos-piloto em cidades e regiões estratégicas, com o objetivo de promover a nova geração de redes ópticas de ultra-alta velocidade. Comunidades residenciais, parques industriais e fábricas foram apontadas como os primeiros alvos dessa transformação digital, que visa criar uma cadeia industrial robusta e impulsionar a nova industrialização da China.
Já em março de 2024, um movimento importante foi feito em Xangai. A China Telecom, em parceria com o governo do distrito de Yangpu, inaugurou a primeira “Comunidade de Demonstração de Banda Larga em Nuvem 10G” do país. A iniciativa também utilizou a tecnologia 50G-PON e oferece velocidades de download de até 10.000 Mbps e upload de 1.000 Mbps.
Com essa nova rede, a China não apenas consolida a liderança na infraestrutura de telecomunicações, como também supera países como Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos e Catar, que já são reconhecidos por conexões de internet de alta velocidade – mas ainda não oferecem serviços 10G ao público.
A adoção do 50G-PON foi fundamental para atingir essa nova era sem necessidade de trocar completamente os cabos de fibra óptica existentes, o que representa uma evolução econômica e sustentável.
A chegada da rede 10G deve acelerar inovações em diversos setores. Na saúde, permitirá diagnósticos e cirurgias remotas com maior precisão. Na educação, trará experiências imersivas e acessíveis. No campo, facilitará o uso de sensores e máquinas autônomas. E na indústria, reforçará o uso da Inteligência Artificial e da computação em nuvem em ambientes de produção.
Ainda não foram divulgados os detalhes sobre preços e modelos de assinatura do novo serviço, mas as autoridades sinalizam que a expansão nacional dependerá tanto da infraestrutura quanto da demanda de mercado.
Foto: Reprodução
Fonte: https://consumidormoderno.com.br