Menino e menina. Um par que desperta olhares. A dança que tão cedo os despertou para a arte. A permissão de movimentos sublimes é muito mais que exercício físico, mas confere um estado de realização pessoal. Coração que se alegra. Corpos que dançam. Helena e Rodrigo, um amor pelo balé.
Menina que brilha os olhos. O collant cor-de-rosa desenha sua silhueta pronta para o movimento. No chão, primeiro coloca uma sapatilha, depois a outra. Até o seu levantar é delicado. A música preenche o ouvir e a dança abraça os olhos. Na sua frente um espelho, que se pudesse a aplaudiria, mas que por enquanto contenta-se em apenas abrigar o seu reflexo. Serena. Suave. Reluzente. Helena.
Aos dois anos de idade, Helena Durante Rios já decidira que queria o balé para a vida. “Mas de onde você tirou essa certeza?”, pergunto. “Eu não sei explicar. Só sei que sempre amei”, responde. “Ela mal começou a falar e já pedia para fazer balé”, conta a mãe, Paula Durante Pereira Alves.
Muito pequena, aos três anos conseguiu entrar em uma turma no CDK (Centro de Danças Kathak), e logo surpreendeu a todos com um talento nato. “As coreógrafas amaram, porque ela já tinha a pontinha do pé certinha e uma postura também. Desde então, ela vem se aprimorando”, conta Paula.
Helena é apaixonada pelos palcos. Já participou de seis festivais, inclusive em Uberlândia e Campos do Jordão. Dedicada, esperta e responsável, faz questão de não perder nenhuma aula. Sagradamente, duas vezes por semana está na ponta dos pés. E, falando nisso, agora, aos 9 anos de idade, está pronta para usar a tão sonhada sapatilha de ponta.
Ela é aventureira, decidida. Quer muito mais do mundo da arte. Neste ano também está aprendendo jazz. Mas em casa tem condições: “Só vai dançar se continuar indo bem na escola”. Pelo jeito, isso não é problema. Segundo a mãe, Helena é uma excelente aluna e tem se saído muito bem nas provas.
“Além de dançar, o que mais você gosta de fazer?”, pergunto. Segurem o queixo, porque Helena também adora cantar. É muito talento para uma pessoa só. Há três anos, faz aulas de canto, e em 2017 chegou a participar do concurso Novos Talentos, em Araxá. E quando pergunto sobre seus objetivos para o futuro, ouço: “Objetivo, como o meu pai fala, a gente nunca tem um só, se conseguimos aquele, a gente vai conquistar mais”.
Por mais adulta que pareça, Helena não perde os melhores momentos de sua infância. É uma criança amável que gosta de brincar e adora bonecas, embora quase seja uma. Paula é uma mãe coruja. Zelosa. Que não quer esconder os elogios da pequena. “Ela é um amor. Tem manhas como toda criança, mas é uma querida, carinhosa e obediente.”
Helena tem o mundo é na ponta dos pés, e embora o percorra com suavidade, tem bravura no olhar. Tem vontade de viver a dança que tão cedo a despertou para a arte. Helena é raio de sol, reluzente. É a própria poesia e, afirmo, não foi difícil lê-la.
Mas balé não é só coisa de menina… Leveza. Essa é sua definição. Ele é como pluma ao vento. Os pés, por vezes, parecem nem tocar o chão. A pureza nos olhos e a segurança no palco são fortes marcas de seus movimentos. O corpo dança ao som de grandes clássicos e a plateia aplaude, insistentemente, uma das maiores revelações do balé no CDK em Araxá. Rodrigo Almeida Porfírio, com apenas 11 anos de idade, mostra ao mundo que veio para quebrar paradigmas.
Sem pretensão alguma, seu talento foi uma descoberta nas aulas de hip-hop. Segundo a mãe, Catarina Almeida, a coreógrafa Santinha percebeu no filho um grande potencial para o clássico, e ao levá-lo para experimentar uma aula de balé clássico, não teve dúvidas do grande talento que se despertava. A dança é influência da mãe, bailarina, atleta iroman e apaixonada pela vida e esportes.
Rodrigo é destaque nos palcos, onde tem a oportunidade de mostrar a sua interpretação do mundo por meio da dança. Catarina é sortuda e sabe disso. Com muito orgulho e gratidão, conta as maiores conquistas do filho no balé. “Em 2017, ele se apresentou com a escola CDK em Uberlândia e Campos Jordão; e no final do ano ganhou o papel de solista no festival Através do Espelho, com apresentações no teatro municipal de Araxá e no Festi Natal. No mesmo ano também foi eleito aluno destaque, uma premiação superdisputada e almejada pelas centenas de alunos da escola.”
Mas calma aí. A dança não é a única atividade de Rodrigo. Mesmo com pouca idade, ele já tem carreira no triathlon. Afinal, filho de peixe, peixinho é. Aos 8 anos de idade participou de sua primeira competição. E com muita determinação, em 2016 e 2017, conquistou o quinto lugar no Campeonato Brasileiro de Triathlon Infanto-Juvenil em Matinhos (PR) e Palmas (TO), respectivamente.
Acha que acabou? Nada disso. Sua rotina de atividades ainda se divide em muay thai, hip-hop e jazz. Ufa! É muita energia! Mas de onde surge esta veia esportista? Da própria família. “A nossa aposta lá em casa é o esporte. Ninguém tem a opção de não fazer, é igual escola. Lógico que não tem que competir, mas tem que fazer”, conta a mãe.
Rodrigo tem personalidade forte. É atleta sem limites. Gosta de experimentar os novos sabores, a novidade. É maduro pela sua idade. E seus olhos castanhos, fortes, não deixam dúvidas de que no palco ou na vida ele sempre vai ser o que quiser!