Segundo a secretária de Assistência Social, Lillian Pereira, essa estratégia começa pela presença diária dentro das comunidades. “Nosso trabalho é conhecer profundamente as famílias, entender suas realidades e construir com elas caminhos possíveis. Quando um jovem encontra acolhimento, escuta, oportunidade e autonomia, ele naturalmente se afasta das situações que o colocariam em risco”, afirma.
Entre os esforços mais importantes da Assistência Social estão os projetos voltados para adolescentes em vulnerabilidade, muitos deles em cumprimento de medidas, acompanhados pelo CREAS. Os programas Primeira Chance Emprega e o projeto Despertar Profissional, por exemplo, atende jovens entre 16 e 17 anos. A proposta é oferecer trabalho formal, renda digna e um novo horizonte de possibilidades.
A secretaria acompanha histórias de transformação que revelam a força desse processo. A exemplo disso, a secretária Líllian citou o caso de uma jovem atendida pela rede, que iniciou um curso de culinária gourmet há um ano. Rebelde, fragilizada e envolvida com um rapaz ligado ao tráfico, ela havia se distanciado da escola e da própria família. Após um trabalho contínuo da equipe técnica, a adolescente apresentou melhora comportamental, rompeu o relacionamento de risco e retomou seus projetos pessoais. “Esses são resultados que não aparecem nas estatísticas criminais, mas que constroem a segurança da cidade no dia a dia”, explica Lillian.
Hoje, aproximadamente 25 adolescentes cumprem medidas socioeducativas acompanhadas pelo CREAS. O trabalho inclui visitas familiares, orientação, retomada escolar, atendimento psicossocial e fortalecimento de vínculos, sempre baseado na responsabilização e na reconstrução da vida do jovem. Para a secretária, o impacto é direto: “As medidas socioeducativas não são apenas consequência de um ato infracional. Elas são uma oportunidade real de ressignificar escolhas e romper com ciclos de violência.”
A prevenção também acontece pela ocupação saudável do tempo livre. O projeto Vida em Movimento, que atende cerca de 300 crianças e adolescentes, utiliza o esporte como ferramenta de convivência, disciplina e pertencimento. Já o Pequeno Jardineiro, com 60 participantes, alia formação em jardinagem à transferência de renda, permitindo que os jovens contribuam com a família e se afastem de contextos de exploração, tráfico e prostituição. Para muitos, essa renda representa a primeira experiência de autonomia financeira, e uma alternativa concreta às influências negativas presentes no território.
Outro pilar da prevenção à criminalidade é o Centro POP, que oferece atendimento especializado à população em situação de rua. Ao garantir acolhimento, documentação, encaminhamentos e fortalecimento de vínculos, o serviço reduz conflitos urbanos e evita que situações de extrema vulnerabilidade se transformem em problemas maiores para a cidade.
O trabalho preventivo também passa pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que hoje acompanha 10 crianças e adolescentes. A iniciativa combate a exploração do trabalho precoce, preserva o direito à infância e impede que a ruptura escolar abra portas para trajetórias de risco.
A secretária Líllian explica que equipes da Assistência Social identificam cotidianamente os fatores que mais influenciam o avanço da vulnerabilidade no município: fragilidade de vínculos familiares, violência doméstica, uso abusivo de álcool e drogas, desemprego, insegurança alimentar, baixa escolaridade, situação de rua e evasão escolar. Para cada uma dessas situações, a rede municipal atua com acompanhamento familiar, benefícios socioassistenciais, oficinas de convivência, qualificação profissional e parcerias diretas com Saúde, Educação, Esporte e Segurança Pública.
Para a secretária de Segurança Pública, Nayara Pacheco, essa atuação integrada é um dos motivos pelos quais Araxá mantém índices baixos de criminalidade. “A tecnologia cuida do agora, mas a assistência social cuida do amanhã. Quando o município acolhe, orienta e oferece oportunidades, ele evita que jovens sejam capturados pelo crime e fortalece o que realmente faz uma cidade segura: vínculos, dignidade e perspectiva de futuro”, destaca.
O trabalho conjunto e interligado entre as secretarias reforçam que a prevenção é silenciosa, mas poderosa; e que a segurança pública se constrói também com cuidado, afeto e oportunidades. “Uma cidade segura nasce quando cada pessoa encontra seu lugar, propósito e proteção dentro da própria comunidade”, conclui Nayara.


