A expressão metaverso foi criada pelo escritor Neal Stephenson em seu livro “Nevasca” (“Snow crash”), em 1992, para se referir a um mundo virtual no qual as pessoas se encontravam, namoravam, jogavam e faziam compras.
No limiar de 2022, significa um ambiente 3D no qual videogames, redes sociais e entretenimento vão se fundir para criar experiências de imersão. Ali, através de seus avatares, os participantes vão interagir e fazer tudo o que fariam na vida real, mas não sinta calafrios como se estivéssemos à beira do apocalipse.
É claro que gigantes de tecnologia salivam diante do potencial do mercado – não foi à toa que Mark Zuckerberg rebatizou seu negócio como Meta – e basta imaginar as vendas de acessórios para seu avatar ser capaz de realizar proezas e estar na última moda. No entanto, o metaverso pode ser muito mais. Ele pode ajudar gente de carne e osso.
Para começar com algo potente: é um espaço com grande potencial para aliviar sintomas de ansiedade, dor ou depressão. No Instituto de Tecnologias Criativas, na Universidade do Sul da Califórnia, o psicólogo Albert “Skip” Rizzo já utiliza a realidade virtual para tratar o transtorno de estresse pós-traumático de veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão. Na chamada terapia de exposição, o paciente, guiado por um terapeuta treinado, confronta seus traumas através da simulação dessas experiências. Usando um visor, entra num ambiente virtual com diferentes cenários daqueles países, que vão de cidades a estradas desertas.
Vítimas de queimaduras atendidas num programa da Universidade de Washington, crianças internadas no Hospital Los Angeles e mulheres em trabalho de parto no Cedars-Sinai se valem da realidade virtual para auxiliar no controle da dor. Nesses casos, os pacientes entram sozinhos no ambiente virtual; no metaverso, estariam acompanhados por familiares, médicos e enfermeiros, numa vivência provavelmente ainda mais benéfica. No Centro de Simulação e Inovação em Educação Médica da Universidade de Miami, os alunos interagem com um manequim que reproduz praticamente todo tipo de distúrbio cardíaco. Usando headsets de RV, visualizam tudo o que ocorre dentro do “organismo” e aprendem o que deve ser feito em cada situação. Treinamentos virtuais permitem que os estudantes cometam erros e recebam a orientação correta sem causar danos a pacientes reais.
Os sedentários receberão uma ajuda extra para se exercitar: imersos num universo paralelo com visores, se desviarão de obstáculos, socarão formas (ou inimigos) que se aproximam e, inclusive, contarão com companheiros nessa jornada. O headset Oculus Quest 2 foi lançado durante a quarentena com grande sucesso, já que as pessoas estavam confinadas em casa. Uma versão turbinada e com mais opções de jogos de aptidão física é aguardada para 2022. A experiência imersiva do metaverso pode realmente trazer o mundo para a sala de aula, democratizar as viagens, levar a arte a qualquer lugar, fazer com que os seres humanos entendam melhor os problemas do planeta, como as mudanças climáticas. O prazo? Talvez menos de uma década. A gente se encontra lá!
Fonte: G1