Fitas coloridas tremulando no ritmo da dança; passos firmes que ecoam no compasso dos tambores; sanfonas, caixas e guizos que anunciam a festa. Assim Araxá encerrou, no último domingo (07), o 4º Encontro de Congados, uma celebração que mistura fé, cultura, memória e alegria e que reafirma a força de uma tradição que atravessa séculos e segue pulsante.
Com apoio logístico da Prefeitura de Araxá, o encontro foi realizado pela Associação da Capela Mártir Filomena e, reuniu mais de 1.500 congadeiros. Foram 30 grupos de 16 cidades da região. Uma verdadeira união de povos, ritmos e histórias que transformou o bairro Jardim Bela Vista em palco vivo da ancestralidade afro-brasileira.
A programação começou com a tradicional queima do alho no dia 28 de novembro e se estendeu por dez dias de música, encontros, cortejos e apresentações artísticas. No encerramento, a procissão religiosa seguida do cortejo dos ternos emocionou moradores e visitantes. O evento também marcou um momento histórico: a entrega do Certificado do Congado de Araxá como Patrimônio Imaterial pelo IEPHA-MG (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas GeraisI), reconhecimento que reforça o compromisso do município com a preservação e valorização dessa manifestação cultural.
Entre tantas histórias, algumas revelam a essência do Congado: a continuidade por meio da fé, da família e do pertencimento.
Andreia Aparecida Grin, do Grupo Catupé de São Benedito, de Patrocínio, participou pela primeira vez do encontro em Araxá com o seu terno, um grupo familiar com mais de 120 anos de tradição. Ela destacou o acolhimento e a importância do evento para o fortalecimento da cultura congadeira. “É uma festa linda. A organização acolheu muito bem todos os ternos. Congado é reconhecer nossa própria história, aprender mais sobre as raízes africanas e entender o movimento que nos trouxe até aqui.”
Do Terno Marinheiros de Passos, com 190 anos de existência, o capitão Edson Carlos Rodrigues se emocionou ao falar sobre a longevidade do grupo. “O que faz o terno resistir é a fé. É difícil atrair a nova geração, mas isso depende de nós, adultos. Encontros como esse fortalecem a cultura, resgatam a tradição e despertam nos jovens o desejo de participar.”
De Ibiá, o capitão Luiz Diego Silva, do Moçambique Mocidade de São Benedito, grupo criado há apenas dois anos, reforçou o papel de jovens e das raízes familiares na continuidade da tradição. “Nossa inspiração veio dos nossos avós, que sempre carregaram essa cultura. A festa é importante para reconhecer e transmitir essa tradição, para que as próximas gerações entendam de onde vêm suas raízes.”
Fonte: Assessoria de Comunicação




